A Procuradora Federal associada à ANAFE Luciana Laura Dias lançou recentemente a obra “pés na lama”, que aborda o sofrimento das vítimas do desastre ecológico em que uma barragem de rejeitos de minério se rompeu, no município de Mariana, em Minas Gerais.
“Sob a metodologia de um estudo de caso, e com vistas a se realizar uma espécie de teste da categoria, os migrantes forçados gerados diretamente pelo rompimento da barragem da Samarco em novembro de 2015 desempenham, ao longo do livro, não apenas o papel de objeto de estudo, mas também de sujeitos de direitos a serem ouvidos e respeitados”, explica a autora.
SINOPSE
Em 5 de novembro de 2015, o Brasil sofreu o pior desastre ecológico de sua história quando uma barragem de rejeitos de minério se rompeu, no município de Mariana, em Minas Gerais, e liberou diretamente no rio Doce entre 55 e 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos ricos em metais em concentrações que puseram em perigo a saúde humana e do ecossistema.
A violência e a magnitude do desastre tornam-se mais concretas ao se constatar que, caso as mais de 80 milhões de toneladas de lama que eclodiram sobre a bacia do rio Doce fossem divididas individualmente, cada brasileiro receberia aproximadamente 450 quilos de rejeitos da mineração, os quais foram absorvidos apenas pela população de Bento Rodrigues e das demais cidades entre Minas Gerais e Espírito Santo localizadas no curso do rio.
Os efeitos socioambientais do desastre nos territórios de existência coletiva da população atingida expõem um cenário de desrespeito e de esfacelamento dos direitos humanos e da dignidade dessas populações.
Na obra, buscou-se a perspectiva do olhar dos próprios deslocados das vítimas para se imaginar um quadro normativo mais condizente com a realidade brasileira, de modo a serem apresentadas respostas concretas e não casuísticas aos deslocados internos do Brasil.
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